5 de março de 2009

O viajante do tempo

Histórias de bebados que abordam a gente em meio a multidão existem muitas. Não diferente, comigo aconteceu uma curiosa.

Certa vez estavam meu irmão, minhas primas, um bando de caras e eu sentados na frente da casa de um tio. Trocando idéia, rindo, tomando coca. Eis que surge o indivíduo. Quando esse tipo de gente se aproxima de mim, meio que eu advinho que ele vai parar ali pra conversar com a gente. Sei lá, é uma sensação estranha. Tipo um dejavú , que quando o camarada realmente pára, você diz: "É nada!". Já aconteceu com vocês?

Bom. O que aconteceu foi que o camarada parou ali e começou a trocar ideia com a gente. No princípio não consegui prestar atenção em nada, devido ao fedor de pinga que exalava do sujeito. Imagine um fedor de que está bebendo desde ontem, misturado com quem não toma banho desde a semana passada. Era mais ou menos isso.

Quando dei por mim, já estava respondendo e perguntando coisas a ele. E conversar com bêbado é foda. As vezes eles não entendem o que a gente fala, ou entendem e levam pra outro lado, e começam a dar uma de machão. Para nossa sorte ele estava bem mansinho.

Ele começou a falar da família, dos problemas que passava - motivo pelo qual bebia tanto. E em dado momento elecomeçou a falar que tinha ficado esperto com o mundo, uma vez que ele tinha sido roubado. Nos falou que ficava "ligado 48 horas por dia"

Aquelas palavras deram um tilt na minha mente. Precisei de alguns segundos para me recompor e colocar as idéias no lugar. Voltei a mim com  a pergunta de meu irmão ao bebado:

- Mas peraí! O dia só tem 24 horas.

- Estou falando do dia e da noite - retrucou.

...

Pausa para reflexão.

Ora pois, tudo o que eu tinha de entendimento de mundo foi abaixo naquele momento. Eu não sabia se ria, se concordava, se mandava ele se catar, se entrava na onda.

Enquanto eu fazia esse embate mental o bêbado se despediu.

- Pessoal! Até 1985! A gente se encontra!